sexta-feira, 9 de maio de 2014

Depoimento do autor



O Professor Egidio Trambaiolli Neto nos deu seu depoimento sobre o livro, confira a seguir:


"Ser mãe é padecer no paraíso... Bem, você já deve ter ouvido esta frase, não é?
Mas, ser filho é padecer na confusão... O livro O Dilema de Marquinhos traz algo que é típico das crianças: criar um mundo próprio em que suas fantasias erguem cada edifício de seu entendimento, nem que para isso, tenha de fazer, digamos, umas gambiarras imaginativas. 
Vejam o meu próprio exemplo. Quando eu tinha meus cinco ou seis anos de idade, em meados dos anos 60, num período que a televisão era “a lenha”, em branco e preto, com programação restrita que não passava de dez a doze horas por dia. O conhecimento chegava até nós bem mais nas bancas de jornais do que de outra forma. Eu achava curioso quando ia à peixaria de um senhor japonês que todos chamavam de Japonês pesava o peixe e embrulhava em um jornal vindo do Japão. Eu achava muito legais aquelas letrinhas desenhadas e ficava pensando: Puxa, o Japão deve ser tudo diferente! Eles têm letrinhas esquisitas, fazem casas bonitas, as mulheres usam roupão até de dia e agulhas na cabeça, eles têm olhos puxados... e aí que a fantasia conclusiva da criança buscava sua lógica... E os cachorros, os passarinhos, os ursos, os macaquinhos, todos também têm olhos puxados! Qual não foi a minha decepção quando a minha mãe estava comprando o peixe e eu vejo o jornal aberto sobre o balcão com uma foto grande de um policial japonês com um cachorro ao lado... E, para o meu espanto, o cachorro não tinha olhos puxados! Eu fiquei indignado! Não podia ser: o cachorro japonês não tem olhos puxados? Impossível! Lá todo mundo tem! Na hora puxei a roupa da minha mãe para que ela me deixasse falar-lhe ao pé da orelha e fiz a minha pergunta. Ela sorriu e falou em tom professoral que eu estava enganado: cachorro era cachorro e gente era gente. Descontente com a resposta, perguntei ao dono da peixaria:
- Seu Japonês.
Ele apenas sinalizou que estava me ouvindo assentindo com a cabeça.
- Cachorro japonês não tem olho puxado?
Ele riu – era a primeira vez que eu vi aquele homem rindo – e falou de um modo enrolado:
- Noooon cacholo japoneis tem olho ledondo. Só gente do Japon tem olho puxado.
Eu emburrei. Talvez esta tenha sido a frustração científica que marcou na infância. Minha teoria havia falhado. Mas fez parte do meu aprendizado.
As crianças são assim, tentam entender o mundo com a sua lógica, por isso, que com elas convive, deve passar informações precisas e abandonar o terrível “porque sim”. Isso não vai impedi-los de criar fantasias, pelo contrário, dará mais elementos para que eles entendam o mundo em sua amplitude.
Estas deliciosas fantasias acabaram por me inspirar a escrever O Dilema de Marquinhos, publicado pela Editora Uirapuru. O livro conta a história de um menino que ao querer saber sobre como os bebês nascem, ouve do amigo a velha frase “o papai põe uma sementinha na barriga da mamãe...”. Bastou para o menino criar sua fantasia, ainda mais quando viu a mãe comprando sementes de margaridas, rosas e angélicas..."


O Dilema de Marquinhos está disponível na loja virtual da Editora Uirapuru, em uma SUPER OFERTA: https://likestore.com.br/store/showcase/editorauirapuru##

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Educar é uma via de mão-dupla

Nosso autor Egidio Trambaiolli Neto recebeu o depoimento de um professor, confira!


Após trabalhar com o livro O Dilema de Marquinhos, de minha autoria, publicado pela Editora Uirapuru, que contempla as dúvidas de uma criança sobre como nascem os bebês e as confusões que se formaram em sua cabeça, a professora Rita Araújo estabeleceu um curioso diálogo com um de seus alunos de nove anos, cujo primeiro nome é William.


(Professora) William, o que você achou da história do livro O Dilema de Marquinhos?
(William) Eu achei que os pais deveriam prestar mais atenção em seus filhos.
(Professora) Por que você diz isso?
(William) Porque muitos adultos acham que os filhos são computadores que já nascem sabendo.
(Professora) Mas os computadores não “nascem” sabendo.
(William) É, prô, mas se você colocar qualquer porcaria no computador ele vai guardar aquilo dentro dele pra usar depois.
(Professora) Isso é verdade!
(William) Com a gente é a mesma coisa, prô, se os adultos não explicarem as coisas direito, nós acabamos ouvindo o que os outros falam e usando depois.
(Professora) Infelizmente, William, sou obrigada a concordar com você.
(William) É por isso que a gente deixa de acreditar em nossos pais, eles enganam a gente para não contar as coisas, mas os outros contam... 
(Professora) Mas você precisa tomar cuidado com o que os outros te falam, tem muita maldade espalhada por esse mundo. Vocês precisam confiar mais nos seus pais.
(William) Por quê? Eles não confiam na gente, não contam direito como as coisas são. A gente tem curiosidade!
(Professora) Huuumm...
(William) Prô, por que não tem escola para os pais aprenderem a conversar e a falar a verdade para os filhos?

Quando a Professora me fez esse relato, ela concluiu com a frase. 
É, professor Egidio! Tem dias que eu penso: quem ensina mais numa escola, os professores, ou os alunos?

Obrigado, professora e William, vocês também nos ensinaram muito mais no dia de hoje.